Filha complica a vida de Delma em depoimento
Roberta Freire, 27, considerada testemunha-chave para a policia fechar o inquérito que apura o assassinato da alemã Jennifer Kloker, 22, acredita que a própria mãe, Delma Freire, 48, foi a mentora do crime. Calma, de óculos escuros e vestindo jeans, Roberta, que chegou da Itália sob escolta policial por estar ameaçada de morte, prestou depoimento ontem por quase quatro horas, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Imbiribeira, no qual complicou ainda mais a situação da mãe, com quem tem relações cortadas há quatro anos. Entre várias revelações bombásticas, ela contou aos policiais detalhes sobre um esquema arquitetado por Delma no qual ela teria que se casar com um marroquino e em troca a mãe receberia cinco mil euros. A crise entre mãe e filha é tão grande que, na Itália, Roberta diz que Delma é sua tia.
Roberta explicou para a polícia que a mãe tinha um ex-companheiro italiano, identificado como Giovanno, e que iria reconhecê-la como filha para que ela ganhasse a cidadania italiana. Depois disso, ela teria que se casar com o marroquino e assim conceder a ele também a nacionalidade italiana. O plano montado por Delma não foi adiante porque, revoltada com a situação, Roberta acabou fugindo de casa e casando com um italiano, com o qual teve duas filhas e vive até hoje. Delma também está sendo investigada por uma suposta exploração de travestis brasileiros que chegam à Itália, bem como fornecedora de documentos falsos para essas pessoas.
A vinda ao Brasil de Roberta tem dois motivos. O primeiro foi revelar detalhes da rotina familiar dos Tenelli na Itália, uma relação conturbada, e os golpes de Delma naquele país, conforme já havia sido antecipado pelo Diario. A outra, seria para conseguir a guarda do sobrinho, de três anos, filho de Pablo e Jennifer, que está sob os cuidados da avó paterna, que, mesmo estando em liberdade, está sendo investigada pela polícia por ter participação no assassinato da alemã, no dia 16 de fevereiro.
Ontem, Roberta foi ouvida por dois delegados do caso, Alfredo Jorge e Gleide Ângelo. Desde que pisou em solo brasileiro, a jovem, que há nove anos mora na Itália, está sendo acompanhada pela polícia pernambucana e foi incluída no Programa de Proteção à Testemunha.
O seu depoimento foi considerado fundamental pela polícia para fechar o cerco aos culpados. A expectativa agora é que o inquérito seja concluído na próxima semana. Entre as descobertas da polícia, a contratação de um seguro de vida milionário em nome de Jennifer e que beneficiaria Ferdinando Tonelli, a constatação de resíduos de chumbo nas mãos direitas de Pablo e Ferdinando, que estão presos há 19 dias, além do GPS do carro que mostrou roteiro diferente do relatado pela família após suposto assalto. Porém, duas peças ainda faltam para fechar o quebra-cabeça: a arma utilizada para matar a alemã e como o carro usado pela família foi parar atrás da Delegacia de São Lourenço da Mata. O corpo de Jennifer ainda permanece no IML.
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