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terça-feira, 29 de abril de 2014

FUNCULTURA



Funcultura ganha incremento superior a700%
entre as edições de 2006 e 2013

Foto: Divulgação/Secult

Volume de recursos destinados às artes em suas múltiplas expressões saltou de R$ 4 milhões para R$ 33,5 milhões

Principal instrumento de fomento às artes no Estado, o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) ganhou um incremento de mais de700% no volume de recursos repassados aos produtores e artistas entre as edições 2006 e 2013. No período, o montante disponibilizado passou de R$ 4 milhões para R$ 33,5 milhões, nos editais Independente (que contempla todos os segmentos da arte, tais como música, artes cênicas, literatura, artesanato, entre outros) e Audiovisual, cujos valores atingiram a marca de R$ 22 milhões e R$ 11,5 milhões, respectivamente. Entre 2007 e 2013 o repasse total para os dois editais do Funcultura atingiu a marca de R$ 142,1 milhões.

Este ano, serão mais R$ 33,5 destinados à produção independente e ao audiovisual. Na edição atual, que teve os resultados divulgados na última sexta-feira (25), do total de 1.664 projetos inscritos nas mais diversas áreas, 299 foram selecionados para receber o incentivo. O edital Funcultura Independente alcançou recorde de inscrições com um aumento de 26,9% em relação a 2012.
De acordo com o secretário de Cultura, Marcelo Canuto, todo o edital do Funcultura, incluindo a distribuição dos recursos entre as categorias, foi desenvolvido a partir do diálogo entre o Governo e a sociedade civil, representada pelas entidades de classe e comissões setoriais. “É sempre com muita satisfação que lançamos os dois editais do Funcultura, todos os anos, pois temos a certeza que estes investimentos fortalecem o cenário cultural pernambucano”, destacou.

O secretário Marcelo Canuto afirmou, ainda, que os editais são responsáveis pela promoção da circulação dos artistas dentro e fora de Pernambuco, além de gerar muitas premiações. “O Funcultura é um mecanismo de importância ímpar, pois permite com que Pernambuco se comunique com o mundo e que o mundo passe a conhecer mais sobre nossas riquezas e diversidade cultural”, pontuou.

Política Pública - O Funcultura, por ser um instrumento anual, assegura que a cultura pernambucana tenha sempre condições de ser produzida, difundida e fomentada dentro e fora do Estado. Sua importância para a cena artística pernambucana ficou comprovada em dezembro de 2013, quando o Governo do Estado sancionou a Lei 15.225/2013,que passou a assegurar o montante mínimo de recursos para o Fundo, em especial aqueles destinados à produção do audiovisual. O valor mínimo a ser repassado anualmente pelo Funcultura é agora, por lei, de R$ 33,5 milhões (sendo R$ 11,5 milhões para o Audiovisual e R$ 22 milhões para as outras linguagens), consolidando uma política pública voltada à proteção e ao incremento da produção cultural pernambucana.

Informações:
NÚCLEO DE JORNALISMO  DA
SECRETARIA DA CASA CIVIL DE PERNAMBUCO

CULTURA



A CAATINGA DECLAMADA

Amigos me deem licença
Pois agora eu vou falar
O tema hoje é caatinga
Se quiser pode anotar
Vem do Tupi-guarani
Por isso anote aí
Para depois se lembrar.

“Mata branca” digo agora
É seu significado
Aqui em nosso país
Está bem representado
Nos Estados do Nordeste
Terra de cabra da peste
Vou lhe dizer cada Estado.

Paraíba e Ceará
Pernambuco e na Bahia
Sergipe e Alagoas
Digo mais com alegria
No Estado Piauí
Caatinga tá por ali
Frio a noite fogo ao dia.

Pelo Rio Grande do Norte
Se estende lá a caatinga
Norte de Minas Gerais
Ela por lá predonina
As secas são prolongadas
Poeira sobe na estrada
E o semi árido é o clima.

Ação humana mudou
Cerca de oitenta por cento
Do que era original
Isso digo com lamento
Os recursos naturais
Com isso sofrem demais
As vezes falta alimento. 

Áreas de conservação
Em número tem trinta e seis
Que é menos de um por cento
Vejam perdemos a vez
De um ar mais natural
E esse calor infernal
Foi o homem que assim fez.

Setecentos e tinta e quatro mil
De quilômetros quadrados
Corresponde a dez por cento
Do território marcado
Dentro do nosso país
O livro assim já me diz
E aqui está confirmado.

Falando em temperatura
São elevadas demais
Entre vinte e cinco graus
E vinte e nove é e outra mais
Solo raso e pedregoso
O clima a noite é gostoso
Rochas na frente e atrás.

As chuvas na região
Vem na chegada do ano
E tudo que estava seco
Vai logo ressuscitando
O mato seco enverdece
Os frutos logo aparece
A esperança voltando.

É que a recuperação
Do bioma em rapidez
Vai sim mudando a paisagem
Pau seco sem cor e vez
Vai logo brotando folhas
Ao ver a água em bolhas
Se acaba a “viuvez”.
  
Os problemas sociais
Na região são presentes
A baixa renda é um deles
Quem vive aqui sei que sente
Até escolaridade
Seja no sítio ou cidade
Pede atenção bem urgente.

Afinal em habitantes
Na caatinga e seus rincões
Vou dizer aproximado
Tem 25 milhões
Falta sim seneamento
Tem ruas sem calçamento
Políticos espertalhões.

Mortalidade infantil
É alto o número, faz pena
É árido até no nome
Mas melhorou sei do lema
Se o povo aprender votar
E muito mais, se cobrar
Vai ver a situação “amena”.

Principal atividade
Na caatinga é a pecuária
Mas com a seca constante
Sem a água necessária
Prejudica a região
Isso já é tradição
O Gonzagão já cantava. 

Veja o Rio São Francisco
Um grande libertador
Trazendo água e progresso
Quem da água já usou
Fazendo irrigação
Viu progresso no seu chão
Tem poeta e cantador.
  
E as plantas da caatinga
Vou citar algumas delas
Xerófilas que se adaptam
À seca mas que são belas
Mas tem também umbuzeiro
E o mandacarú “flexeiro”
E muita planta amarela.

Já a fauna da caatinga
Tem répteis representados
Por lagartos e por cobras
Roedores e por sapos
Tem cutia e tem gambá
Tatupeba e o preá
Arara azul e veados.

Árvores como umburana
Está na vegetação
Tem de 2 a 5 metros
Embeleza a região
As paisagens naturais
Na caatinga tem demais
Turismo boa opção.

A região da caatinga
Tem vaqueiro e aboiador
Violeiro e repentista
Que ao verso dá valor
E foi nessa região
Que viveu o Lampião
Que sua fama deixou.

Você que não conheceu
Não deixe o tempo passar
Marque com a sua turma
E venha sim passear
Conhecer belas paisagens
No São Francisco ás margens
Tomar banho e peixe assar.  

Obrigado por me ouvirem
E aos que leram o cordel
Foi o que pude escrever
Olhando para esse céu
Azul de um sol escaldante
De um povo forte e vibrante
Pra quem eu tiro o chapéu.
  
Paulo Tarciso Freire de Almeida
Autor.  Buíque- PE
Escrito em 25.04.2014

quinta-feira, 3 de abril de 2014

CULTURA

ZABÉ DA LOCA CHEGA AOS 90 ANOS COMO UM PATRIMÔNIO VIVO DA CULTURA
Chico César dedicou versos a tocadora de pífano pernambucana moradora de uma gruta



Aos 90 anos, Zabé da Loca passa o tempo vendo o tempo passar, da varanda da casa de alvenaria doada pelo Incra, à beira da estrada, onde mora há oito anos. Natural de Buíque (PE), vive desde a adolescência em Monteiro, no Cariri paraibano, onde foi “descoberta”, em 2003, pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário e pelo projeto Dom Helder Camara.
Sorridente, Zabé fala pouco. Josivane Caiano - percussionista, articuladora de cultura, vizinha e uma espécie de filha de consideração - diz que a moderação com as palavras vem do tempo do quase isolamento na loca onde Isabel Marques passou boa parte da vida e de onde saiu o apelido transformado em nome artístico. A gruta, ela já não visita há mais de um ano. O caminho de 200 metros da estrada até lá é serra acima, cheio de pedregulhos. Zabé também já não toca mais pífano, instrumento que a fez conhecida e que lhe rendeu o título de revelação da música brasileira, em 2009. Fumante desde os 7 anos, ela tem bronquite crônica e passou 22 dias internada no ano passado, tratando um enfisema pulmonar.

Mas o gosto pelas festas é o mesmo da juventude. No último aniversário, no começo do ano, foi dormir às 4h30. Quando relembra diz, rindo, que queria outra comemoração daquela. É nessas horas que a bem-humorada e ativa Zabé mais se parece com a adolescente que fugia de casa no meio da noite para dançar e tocar pífano e tudo quanto era instrumento de percussão no meio das festas, em meio aos homens, sem dar ouvidos a comentários machistas.

Josivane é filha, mãe, amiga e registro oral da memória de Zabé. Conta que nem a barriga grande da primeira gestação fez a menina, ainda Isabel, ficar longe dos festejos. “Para onde ela ia, levava o pífano. Naquela época, Zabé entrava na festa tocando e dançando. As bandas eram só de homens, imagina o que significava isso”, observa.

Na região, machismo é palavra que enraíza entre pedras, igual à vegetação local. Zabé não tinha muito mais que 16 anos quando engravidou pela primeira vez. “O fazendeiro que deu uma terrinha para o pai dela morar dentro das terras dele se engraçou dela e a engravidou. A mulher do fazendeiro a expulsou e o pai dela, pra não perder a casa e tudo mais, colocou-a para fora.
Ela veio para Santa Catarina (distrito de Monteiro), onde trabalhou nas terras de Manoel Soares, limpando o mato, plantando feijão, colhendo algodão… Foi aí que ela, que aprendeu a tocar pífano com o irmão aos 7 anos, conheceu um baiano, tocador de pífano, realejo e outros instrumentos de sopro e percussão”, conta Josivane.

Zabé casou com Delmiro e foi morar numa casinha de taipa. Delmiro morreu, a casa começou a ruir e Zabé decidiu morar na loca. A gruta formada por duas grandes pedras foi fechada por paredes de taipa que ela construiu. Ali, criou dois filhos e um sobrinho. A filha, fruto da primeira gestação, foi doada a uma família que foi morar em Brasília. Ela já tinha quase 70 anos quando conheceu a mãe. Morreu há dois com complicações cardíacas.

Na loca onde morou - Zabé conta que foram 25 anos, mas Josivane acha pouco provável e diz que pode ter sido muito mais, perto de 50 -, Isabel dormia em uma cama feita com finos pedaços de madeira postos lado a lado. Hoje, vive em uma casa de dois quartos, dorme em uma cama com colchão de espuma, ao lado de um pequeno santuário, onde guarda as imagens de São José e de Padre Cícero. Tem TV a cabo, mas não assiste.

No quarto de hóspede, os filhos de Josivane se revezam para não deixar Zabé sozinha à noite - é só um cuidado, mas ela nem liga. Nas paredes, títulos  e o cartaz do documentário O mundo encantado de Zabé da Loca, patrocinado pela Petrobras. Recebe três salários mínimos e é conhecida na região como mulher abastada. Parte da renda é investida por Josivane em um novo projeto social (o primeiro durou quatro anos), que ensina música, dança, poesia e teatro às crianças da região.

É o Projeto Zabé da Loca. Uma forma de perpetuar a arte da Isabel do Cariri e de manter firmes os laços do povo do semiárido paraibano com a cultura local.