SEM
APROVAÇÃO DE MEDIDAS DE AJUSTA, GOVERNO TERÁ DE BLOQUEAR R$ 21 BILHÕES EM 2018
A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi
A equipe econômica terá de bloquear R$ 21,4
bilhões do Orçamento Geral da União no próximo ano caso o Congresso não aprove
as medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo no fim de outubro, disse hoje
(28) a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Segundo Ana Paula, os
cortes são necessários para que o governo cumpra a meta de déficit primário de
R$ 159 bilhões e o teto de gastos no próximo ano.
No fim de outubro, o governo enviou ao
Congresso um projeto de lei e duas medidas provisórias com medidas de aumento
de receitas e de corte de gastos para o próximo ano. A equipe econômica
pretende reforçar o caixa em R$ 14 bilhões, com a elevação de tributos ou a antecipação
da cobrança de impostos e reduzir R$ 7,4 bilhões em despesas obrigatórias. Em
troca, a equipe econômica pretende conter a diminuição dos gastos
discricionários (não obrigatórios), como obras públicas e políticas sociais
como Farmácia Popular e Minha Casa, Minha Vida.
O governo pretende encerrar este ano gastando
R$ 122 bilhões com despesas discricionárias sujeitas ao limite do teto de
gastos. A União poderia gastar, em 2018, 3% a mais, correspondente ao valor da
inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
entre junho de 2016 e junho de 2017 e transferir R$ 24 bilhões do limite não
usado este ano. No entanto, a alta dos gastos obrigatórios, principalmente da
Previdência Social e dos reajustes prometidos aos servidores federais, reduzirá
os gastos discricionários.
Compressão
De acordo com Ana Paula Vescovi, caso o
governo consiga aprovar todas as medidas de ajuste fiscal, poderá gastar R$ 108
bilhões no próximo ano com as despesas discricionárias sem descumprir o teto de
gastos. Se o Congresso não aprovar as medidas que reduzem gastos obrigatórios,
só poderão ser gastos R$ 101 bilhões com investimentos e políticas sociais. Se
não conseguir aprovar nenhuma medida e tiver de contingenciar os R$ 21,4
bilhões, os gastos discricionários desabarão para R$ 87 bilhões em 2018.
“A gente trabalha com a aprovação de todas
essas medidas de ajuste fiscal até o fim do ano. Sem as medidas de aumento de
receitas, a compressão [dos gastos discricionários] será ainda maior. Não
havendo receita, tem que reduzir o que é contingenciável [o que pode ser bloqueado]”,
declarou a secretária.
Pacote
Editada no fim de outubro, a Medida
Provisória (MP) 805 aumenta, de 11% para 14%, a contribuição dos servidores
para a Previdência do funcionalismo público, com expectativa de reforçar o
caixa do governo em R$ 2,2 bilhões, e adia por um ano o aumento para servidores
civis, resultando em economia de R$ 4,4 bilhões. A MP 806 antecipa a cobrança
de Imposto de Renda dos Fundos Exclusivos de Investimento, o que deve render R$
6 bilhões para o governo no próximo ano.
O Projeto de Lei 8.456, que elimina a
desoneração da folha de pagamento para quase todos os 52 setores da economia
beneficiados pela política, deve render R$ 8,3 bilhões ao governo em 2018 e resultar
numa economia adicional de R$ 3 bilhões que o Tesouro Nacional repassa à
Previdência Social para cobrir os custos do incentivo fiscal.
Se não for aprovada antes do fim do ano, a MP
dos Fundos de Investimento só passará a valer em 2019 por causa de legislação
que estabelece que altas de impostos só poderão entrar em vigor no ano seguinte
à sanção do presidente da República. A reoneração da folha de pagamento e o
aumento da contribuição da Previdência dos servidores só passam a valer 90 dias
depois de sancionados. Segundo a secretária do Tesouro, as estimativas
consideram a aprovação dessas medidas em dezembro e a entrada em vigor em abril
de 2018.
Com Informações da Agência Brasil
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