Brasileiros
terão acesso a transplantes multivisceral e de intestino
Termo de cooperação foi assinado em reunião
bilateral entre os ministros da Saúde do Brasil e da Argentina, durante a 68ª
Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, na Suíça.
Um acordo entre Brasil e Argentina permitirá
que brasileiros tenham acesso ao transplante multivisceral (substituição de
pelo menos três órgãos abdominais) e de intestino no SUS. O termo de cooperação
que dá início a esse processo foi firmado entre o ministro da Saúde do Brasil,
Arthur Chioro, e o ministro da pasta da Argentina, Daniel Gustavo Gollan,
durante a Assembleia Mundial de Saúde, que acontece nesta semana em Genebra
(Suíça). Um dos principais eixos será a vinda de médicos argentinos experientes
com a técnica, que realizarão o treinamento dos profissionais brasileiros.
“O acordo permite a transferência de
tecnologia da cirurgia de transplante multivisceral para o Brasil, fundamental
para a ampliação do acesso”, afirmou Chioro. A expectativa é que a cooperação
esteja em funcionamento nos próximos meses. Na cirurgia, os pacientes com
indicação para o procedimento podem receber de uma só vez estômago, duodeno,
intestino, pâncreas e fígado, retirados em conjunto, de um único doador. A Argentina
realizou mais de 40 cirurgias, sendo reconhecida pela sua capacidade técnica
para esse tipo de transplante.
São exemplos de pacientes candidatos aos
transplantes múltiplos: pacientes com doença hepática crônica com trombose das
veias que drenam os intestinos; aqueles com insuficiência intestinal crônica
(doença conhecida também como SIC - Síndrome do Intestino Curto) que tiveram
necessidade de nutrição parenteral por um longo prazo; os submetidos a
múltiplas cirurgias abdominais devido a doenças; e pacientes com tumor que
atinja a região da raiz do mesentério, artérias e veias, com metástase no
fígado.
No país, 95% dos transplantes são realizados
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – o maior sistema público de transplantes do
mundo – o que torna o Brasil referência mundial na área. A rede brasileira
conta com 27 Centrais Estaduais de Transplantes (em todos os estados e Distrito
Federal), além de Câmaras Técnicas Nacionais, 510 Centros de Transplantes,
1.113 equipes de Transplantes e 70 Organizações de Procura de Órgãos (OPOs).
Entre 2010 e 2014, houve aumento de 4,9% na quantidade de serviços habilitados
pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes no país, passando de 740
para 776.
MEMORANDO DE ENTENDIMENTO – O texto firmado
prevê diversas ações como a promoção de intercâmbio de informação técnica sobre
projetos, programas e experiências nas diferentes áreas de saúde;
desenvolvimento de programas de intervenção em saúde; organização de campanhas
e de visitas de profissionais e especialistas; realização de atividades de
capacitação e de habilitação, como oficinas, seminários e conferências;
transferência de tecnologia para promover o abastecimento interno de
medicamentos e insumos; e promoção da participação comunitária.
Além de transplante com foco em
multiviscerais, os acordos poderão abranger várias outras áreas de interesse
mútuo: atenção básica, vigilância de doenças infecciosas e crônicas, prevenção
de doenças, promoção da saúde, emergências de saúde, recursos humanos em saúde,
ações de implementação do Regulamento Sanitário Internacional (2005) e
transferência de tecnologia para o abastecimento interno e insumos. Outras
áreas poderão ser identificadas e priorizadas futuramente por meio de acordo
entre as partes.
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