Governo fica com 48% da Petrobras após mega oferta de ações
Por Denise Luna e Guillermo Parra-BernalSÃO PAULO (Reuters) - O governo federal aumentará a sua participação na Petrobras de cerca de 40 por cento para aproximadamente 48 por cento após a estatal realizar a maior oferta de ações da história, operação realizada com o objetivo de levantar recursos para o desenvolvimento dos projetos no pré-sal.
"A operação foi um grande sucesso, até superou as expectativas em um momento de condição adversa, porque ainda há crise no mundo", declarou o ministro da Fazenda, Guido Mantega nesta sexta-feira.
"Somando todos os parceiros do governo, BNDES, Fundo Soberano, União, a participação vai para 48 por cento aproximadamente", disse o ministro a jornalistas antes de participar de evento na BM&FBovespa para abertura do pregão que contou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades.
O governo aumentou sua participação na estatal por meio da chamada cessão onerosa, ou seja, a venda de reservas da União para a Petrobras em um volume de 5 bilhões de barris, recebendo em troca as novas ações da petroleira, numa operação intermediada por títulos públicos.
"O governo praticamente entrou com os 43 bilhões de dólares que adquiriu com a venda dos barris", explicou Mantega, acrescentando posteriormente que "não há risco para o investidor porque não há dúvidas de que existem os 5 bilhões de barris".
Na operação, segundo ele, o governo também adquiriu ações preferenciais que antes não possuía.
Com a oferta pública de ações, cujo preço foi fechado na noite de quinta-feira, a Petrobras arrecadou 120,36 bilhões de reais, na maior operação já realizada.
"A maior oferta do mundo não foi em Frankfurt, Londres ou Nova York, foi no Brasil", comemorou o presidente Lula em seu discurso, numa cerimônia em que as autoridades, incluindo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, foram cautelosas em suas falas, evitando dar detalhes adicionais.
O período de silêncio dos diretores da Petrobras, em função do processo de capitalização, só termina em 23 de outubro.
As ações da Petrobras operavam praticamente estáveis por volta das 11h50 (horário de Brasília), registrando volatilidade durante a sessão.
DINHEIRO EM CAIXA
Mantega, entretanto, falou mais do que os executivos da Petrobras --Gabrielli deixou a bolsa evitando falar com jornalistas, manifestando-se apenas em um discurso no qual relatou a operação.
O ministro declarou que boa parte dos recursos obtidos pela estatal no processo de capitalização será direcionado à indústria nacional, destacando que a estatal também terá elevado o seu caixa.
"Todos os objetivos da capitalização foram atingidos. A Petrobras terá caixa de 25 bilhões de dólares, recursos que podem ser usados para viabilizar investimentos", afirmou o ministro.
Ao ser questionado sobre eventual emissão de dívida pela estatal, o ministro que também é presidente do Conselho da Petrobras afirmou que não existe no momento nenhum plano.
Ele avaliou ainda que o Brasil não corre o risco de sofrer a chamada "maldição do petróleo", que faz com que as riquezas naturais de um país eventualmente prejudiquem o seu desenvolvimento industrial, em vez de ajudá-lo.
"Não há risco de doença holandesa, de maldição do petróleo no Brasil. Nós sabemos usar esse petróleo para o desenvolvimento do país", afirmou.
"O pré-sal nos permite ampliar o canteiro de obras do presente, a capitalização é uma salvaguarda para que essa riqueza não se perca. Trata-se de impulsionar a competitividade do sistema econômico, para erradicar a pobreza", completou Lula em seu discurso.
Além do governo, fundos de pensão como o Petros, da Petrobras, também aproveitaram o processo de capitalização.
O Petros fez uma oferta para a compra de um lote adicional de ações da estatal com o objetivo de aumentar a sua posição acionária na companhia, segundo o presidente do fundo, Wagner Pinheiro,
"Exercemos todo o nosso direito (de preferência), tínhamos 1,5 bilhão de reais em ações da companhia, e além disso ainda compramos mais", disse Pinheiro à Reuters, ao chegar para o evento na Bovespa.
De acordo com Pinheiro, antes da operação a participação da Petros não chegava a 1 por cento do capital da empresa. Ele não detalhou a fatia após a capitalização.
(Com reportagem adicional de Aluisio Alves, Rodolfo Barbosa e Silvio Cascione)
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