Participe

Perfís Sociais

1. 3. 4. 5. 10. 14. 19. 24. 29. 30. 31.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Famílias reclamam de desocupação em Brasília Teimosa


De cortar o coração, ao ver o desespero das famílias.



O cenário era de destruição. A Rua das Oficinas, localizada no bairro de Brasília Teimosa, foi alvo nesta manhã de mais uma ação de desocupação realizada pela Prefeitura do Recife. De um lado o que restou das moradias, tijolos, madeiras. Tudo sendo retirado por caminhões e tratores da Dircon.


Do outro, 67 famílias que acompanhavam a ação ao lado do pouco que conseguiram salvar: colchões, eletrodomésticos e alguns poucos móveis. Um pouco mais à frente, dezenas de homens do Batalhão de Choque e da Guarda Municipal prontos para agir, em caso de necessidade.


De acordo com os moradores, a desocupação começou cedo, por volta das 5h. A maioria das famílias estava dormindo, quando segundo eles, a polícia invadiu os barracos com bombas de efeito moral. As portas foram abertas a pontapés pelos policiais, e as famílias, que faziam parte de uma invasão instalada no local há cerca de dois meses, tiveram que sair às pressas com o pouco que puderam salvar.



A dona de casa Marisa Farias de Castro era uma dessas moradoras. Morando na ocupação há dois meses, ela conta que por conta da abordagem não conseguiu recuperar nenhum objeto. “Tenho um filho deficiente de 20 anos e não tive a chance de pegar nada. Escolhi salvar meu filho para ele não ser agredido. Não tenho condições de pagar um aluguel e agora nem sei pra onde vou”, lamentou.


Os depoimentos de tristeza e revolta eram muitos. “Eles chegaram derrubando tudo, sem avisar a ninguém. A gente ficou atordoado por causa das bombas. Na hora, estava dormindo com meu marido, minha filha e uma sobrinha, todas adolescentes. Meu marido já teve dois derrames e agora não tenho pra onde levar ninguém”, contou a dona de casa Edilza Silva, que chegou à Rua das Oficinas há pouco mais de um mês. "Tenho 90 anos e acordei por volta das 5h com barulho de bombas e gritos dentro da minha casa. Não consegui salvar nada. Ninguém me respeitou, fui xingado e agora estou aqui, sem nada e sem ter para onde ir", contou Wilson Farias, morador da Rua das Oficinas há dois meses.



Apesar de alguns protestos, a desocupação ocorreu sem grande violência no local. Ao final da ação, um morador chegou a jogar um tijolo no caminhão que transportava os funcionários da Dircon, mas ninguém se feriu.



Trânsito - Revoltados com a demolição, alguns moradores interditaram a Avenida Antônio de Góes, no Pina e queimaram os próprios móveis para fechar a via. O congestionamento foi gigantesco e chegou até a Avenida Conselheiro Aguiar. A tensão aumentou depois que um carro, que desviou o trajeto por uma rua transversal, foi apedrejado por um dos manifestantes. Um passageiro do veículo foi atingido. A ação causou pânico entre os motoristas, que começaram a dar marcha a ré e subir pelos canteiros da via.


O Batalhão de Choque foi acionado e prendeu um homem suspeito de ter apedrejado um ônibus que teria conseguido furar o bloqueio. A via do lado direito da avenida foi liberada, com a chegada de uma unidade do Corpo de Bombeiros, que apagou os focos de incêndio.



Torre - Esta é a segunda ação de demolição que a prefeitura realiza em 24 horas. Ontem, cinco estabelecimentos comerciais instalados na descida da Ponte da Torre, foram derrubados: o Bar Garagem, uma borracharia, uma floricultura, uma lanchonete e uma estofadora. Os móveis, de acordo com a administração municipal, estavam em situação irregular por funcionarem sem autorização e em um logradouro público.



“Eles não tinham licença, alvará de funcionamento e estão construídos sobre logradouro público. Todos foram avisados desde 2006. A última notificação foi feita na sexta-feira passada. Nenhum comerciante estava obedecendo aos avisos da prefeitura e por isso foi necessária a demolição dentro da ação de desocupação de área pública não edificante em logradouro público, o que só acontece em último caso", alegou na ocasião a diretora da Dircon, Maria José Di Biase.


Ainda segundo a diretora da Dircon, em 2007, a prefeitura emitiu um ofício informando que os imóveis seriam demolidos naquele mesmo ano. Os objetos retirados do local foram encaminhados para o depósito da Dircon.


Por Elian Balbino, da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários e opiniões aqui expressas, são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam propriamente a opinião do autor e dos colaboradores deste Blog.

O Blog BUÍQUE DA GENTE não possui fins lucrativos, não dependemos de nenhuma instituição.

Agradecemos por acessar!