MPPE reúne prefeitos eleitos para evitar descasos durante transição
Segundo Tribunal de Contas, entre dez e 20 gestores foram denunciados. Promotor diz que isso pode justificar pedidos de afastamento do governo.
Três semanas
após as eleições municipais deste ano, moradores de cidades do interior de Pernambuco
já prestaram várias denúncias contra gestores que teriam deixado de fornecer
serviços básicos, como atendimento de saúde e coleta de lixo, por não conseguirem
se reeleger ou emplacar o sucessor. Para resolver o problema, o Ministério
Público de Pernambuco (MPPE) convidou todos os prefeitos eleitos do estado para
uma reunião na quarta-feira (26).
Na semana
passada, o órgão realizou um primeiro encontro com representantes de outras
entidades, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público de
Contas, para definir os rumos da Operação Terra Arrasada. A ação tem como
finalidade acompanhar o processo de transição das gestões muncipais e impedir
que os prefeitos que não se reelegeram deixem dívidas, zerando os cofres
públicos, antes de o novo gestor assumir.
Segundo o
conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Dirceu Rodolfo de Melo Júnior,
o tribunal também tem recebido muitas queixas. “Já temos, em encaminhamento,
algumas auditorias especiais, cerca de dez a 20 municípios denunciados. E o
próprio tribunal já abriu alguns procedimentos para investigar esse descalabro.
Nós aplicamos multas e sanções previstas em lei, inclusive, impossibilidade de
contratar serviço público”, afirma.
O auditor
diz, ainda, que, durante o período de transição, a atual gestão não pode
ocultar nenhuma informação à equipe que entra. “A Lei Complementar 260 vai ser
aplicada pela primeira vez nestas eleições. Quem está deixando (o governo) tem
a obrigação de fornecer a essas comissões todas as documentações sobre vários
aspectos: pessoal, as obras paralisadas, parte fiscal, orçamentária”, explica.
Se isso
acontecer, a comissão de transição, formada pelo grupo do próximo prefeito,
deve informar o problema ao TCE e ao MPPE. O coordenador de Apoio às
Promotorias de Defesa do Patrimônio Público, promotor Maviael de Souza Lima,
confirmou que o órgão já recebeu algumas denúncias e que está adotando medidas
para punir esses gestores.
“O Ministério Público vem observando algumas notícias de sumiço de documentos e
de equipamentos de prefeituras. Isso pode, inclusive, justificar um pedido
cautelar de afastamento desses prefeitos que ainda estão no cargo. E essas
punições, que ficariam a cargo do Ministério Público, tanto no âmbito cível bem
como de natureza penal, podendo verificar crimes de responsabilidade e
peculato”, detalha.
Para denunciar irregularidades neste período, a
população pode usar o aplicativo Pardal Transição Municipal. A ferramenta,
disponível no site do TCE, não revela a identidade do denunciante. O órgão
disponibiliza também um manual sobre as obrigações dos gestores públicos.
“O Ministério Público vem observando algumas notícias de sumiço de documentos e de equipamentos de prefeituras. Isso pode, inclusive, justificar um pedido cautelar de afastamento desses prefeitos que ainda estão no cargo. E essas punições, que ficariam a cargo do Ministério Público, tanto no âmbito cível bem como de natureza penal, podendo verificar crimes de responsabilidade e peculato”, detalha.
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