Carlos, de 52 anos, venceu o analfabetismo
Pedreiro é um dos mais de 7 mil alunos que começam a estudar após os 15 anos com apoio de projetos educacionais
Carlos voltou a estudar com apoio da família e agora diz que tem uma vida melhor (foto: Weber Sian)
Uma força-tarefa, formada pelos governos municipal, estadual e
federal, com o reforço da iniciativa privada, ajuda 7.100 alunos de
Ribeirão Preto a desvendar os mistérios das palavras e dos números mesmo
com uma idade já avançada. Eles fazem parte de alguns dos programas de
alfabetização do município.
Um destes alunos é o pedreiro Carlos Antônio Correia, 52 anos, que há
dois meses começou a frequentar o EJA (Educação de Jovens e Adultos) da
escola municipal Dom Luiz do Amaral Mousinho.
A cada aula, Carlos se encanta ao aprender a ler e a escrever com
mais facilidade. Ele é pernambucano e chegou a frequentar escola e até o
antigo Mobral, na sua cidade natal, Buique, mas na época não dava
importância ao estudo. “Quando a gente é novo só quer saber de namorar e
mais nada. O interesse era pouco”, relembra.
Há quatro anos, Carlos chegou a Ribeirão e começou a ter necessidade
de aprender mais. Ele sabia assinar o nome e conseguia ler algumas
palavras, mas não era suficiente para ter uma vida boa na cidade. Casado
pela segunda vez e com o apoio da nova esposa ele retomou os estudos.
“Gosto da escola porque é muito boa e minha mente, que era preguiçosa, agora está mais animada para leitura e escrever.”
“Gosto da escola porque é muito boa e minha mente, que era preguiçosa, agora está mais animada para leitura e escrever.”
A Secretaria Municipal de Educação oferece o EJA para quem tem mais de 15 anos. Em 2013, já foram atendidos 1.500 estudantes.
Para quem quer cursar os anos iniciais, de primeiro ao quinto ano, as
matrículas podem ser feitas em qualquer período do ano. Do sexto ao
nono ano, as inscrições são semestrais.
“O EJA dá oportunidade para os jovens e adultos se alfabetizarem e
voltarem ao convívio escolar. É a classe que trabalha durante o dia e
estuda à noite. O município realiza um trabalho interessante no sentido
de ensinar a pensar e ter acesso ao conhecimento, portanto é
significativo o trabalho nesta faixa etária e cada vez mais a gente abre
as portas das escolas para que estas pessoas tenham acesso, inclusive a
tecnologia”, diz Débora Vendramini, secretária de Educação.
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Educação a distância ou mesmo na obra
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Educação a distância ou mesmo na obra
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Os alunos com mais de 15 anos que querem frequentar a alfabetização
de adultos podem fazer os cursos a distância. A modalidade é oferecida
pela Secretaria de Estado da Educação na escola Cecília Dutra Karan, em
Ribeirão Preto que hoje está com 3.007 alunos.
“O ensino a distância é modular. O aluno faz as matérias e presta as
provas até concluir a disciplina das séries. Ela conta com plantão
diário de dúvidas”, diz Luiz Augusto Gomes, diretor técnico do Centro de
Informações Educacionais da Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto.
Já o ensino regular, o EJA, na modalidade presencial oferece 1.793 vagas e a frequência é diária.
“Procuramos atender todo mundo e o cadastramento pode ser feito em
qualquer escola. Estamos em período de inscrição que vai até o dia 30 de
setembro para o ensino fundamental”, diz o diretor.
São 15 escolas que oferecem o curso sempre no período noturno e para o
cadastramento basta os documentos pessoais. “A maioria termina o ensino
médio e a procura tem aumentado porque as empresas exigem o diploma
escolar”.
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Iniciativa privada
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A iniciativa privada também tem incentivado a alfabetização de
adultos. Um desses exemplos é a MRV Engenharia, líder nacional na
construção de imóveis econômicos no país, que em parceria com o
Sinduscon e Sesi oferece educação básica para os trabalhadores que não
foram alfabetizados. O Sesi cede os professores para as aulas.
Segundo Maria Cecília Rocha, coordenadora da regional de Ribeirão do
Sinduscon-SP, o canteiro da MRV é o quinto a receber o programa em
Ribeirão.
“Em média, se formaram 20 empregados por canteiro. A iniciativa
começou há três anos e meio, por conta de uma demanda que nasceu nos
canteiros. Com o avanço da tecnologia, novos equipamentos passaram a ser
usados e os trabalhadores precisavam de conhecimento. Foi com esse
objetivo que o programa nasceu e tem alcançado seus resultados.”
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MRV tem projeto de alfabetização de adultos
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Beatriz Junqueira, coordenadora de Segurança do Trabalho da MRV em
Ribeirão Preto, diz que a primeira turma da construtora na cidade
começou há uma semana e conta com a participação de funcionários de
quatro obras, que têm aulas de terça, quarta e quinta-feira no canteiro
do empreendimento Rosário do Sul. “Uma van passa logo cedo nas outras
três obras para levar os trabalhadores para a sala montada. A turma tem
oito alunos que recebem conteúdos da 1ª a 4ª série”, diz ela.
Beatriz salienta que a demanda pela educação durante as obras era grande e por isto a empresa resolveu buscar parcerias.
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