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sexta-feira, 4 de maio de 2012

LITERATURA DE CORDÉL

Autor: PAULO TARCISO

Caros ouvintes vos peço
Atenção uma vez mais
Para fazer uma análise
Creio interessa demais
O tema é muito importante
Me escutem por um instante
E saiba como se faz!
 
Política e politicagem
A prática e a teoria
A diferença é tão grande
Chega a gente se arrepia
A beleza da origem
É mesmo de dar vertigem
A prática do dia a dia.
 
O pai da ciência política
Aristóteles é seu nome
Maquiavel também mostra
Ao político ou governante
Como se deve governar
E ao povo fez ensinar
Dar “Tchau” ao mau governante.
 
A política e sua origem
Thomas Hobbes avaliou
Era um absolutista
Montesquieu inaugurou
Três poderes Separados
Pra um governo organizado
Um grande avanço marcou.

Para criar nossas leis
O Poder Legislativo
Já pra nos governar
Chama-se o Executivo
E para a lei aplicar
Nos temos que convocar
Judiciário é preciso.
Em toda sociedade
Precisa organização
Um povo, cidade ou Estado
Ou mesmo em qualquer nação
E preciso existir leis
Para governantes ou reis
Para lhes dar direção.

Todo poder vem do povo
E em seu favor deve ser
Aplicada qualquer lei
Sem nunca se esquecer
Dos pobres e desvalidos
E dos grupos de excluídos
Que em toda terra há de ter.

Toda verba aplicada
Em favor da educação
Saúde e no social
Pra toda a população
Escola é muito importante
Governo pra ir avante
Ao professor dar atenção.
 
Como disse Maquiavel:
Um governante pra ser
Benquisto pelo seu povo
Com ele vá conviver
Morar em sua cidade
Saber das necessidades
Nunca, jamais, se esconder.
 
Eleições com livre escolha
O povo assim livre é
Escolhe o que lhe convém
Que tiver mais fica em pé
A maioria assim quis
Pra um governo feliz
Se for assim boto fé.
 
Ninguém deve ser forçado
A não ser pelo argumento
Mas sem sofrer ameaça
De quem tá fora ou tá dentro
Assim deve ser a lida
De quem pretende na vida
Do sacerdócio um instrumento.
 
No Estado, os Deputados
Cidade, os vereadores
E em toda federação
Tem também seus senadores
Para o povo defender
Os seus reclames fazer
Ouvir os seus dissabores.
 
Toda verba aplicada
Sem um desvio sequer
Saúde e educação
Sempre respeitando a fé
Sem nunca discriminar
O povo do seu lugar
Sem dele  arredar o pé.
 
Mas isso é só teoria
A prática é bem diferente
Começa com na eleição
Com tanta coisa indecente
Onde só quem tem dinheiro
“Tem mais luz no candeeiro”
Esse sim, chega na frente.
 
O que tem boas idéias
E tem reta honestidade
Planos bons e competência
Demonstra capacidade
Fica sempre a ver navios
Termina sempre no “frio”
Ser eleito é raridade.
 
Os que ganham com injustiça
Quando assumem o poder
Esquecem o que prometeram
E para contradizer
Se moravam no lugar
Vão embora sem avisar
Pro povo não aborrecer.
 
Empregam toda família
Pelo menos no papel
Altos salários e só luxo
Pra o povo só sobra o fel
Amargar mais quatro anos
Se arrepender do engano
Cidade jogada ao léu.

Para amansar revoltosos
Um festa vez em quando
Uma dupla bem famosa
Uma ou duas vez no ano
  o povo enganado
Diz: ô  prefeito bom danado
Votar nele é o meu plano!.

A verba da educação
Some sem destino dar
Aumento pro professor?
É difícil ouvir falar
Corta é gratificação
E não dar explicação
Se alguém quiser questionar.
 
Construir boas escolas
Pra que? diz o seu assessor
Que por final é de fora
Que antes aqui não pisou
- E vai preparar armadilha
Pra arruinar tua vida
Não faça assim seu doutor!.
 
-Deixa o povo ignorante
Sem ter boa educação
Diminui logo a merenda
Isso é um gasto mesmo em vão
Dois biscoitos e um suco fraco
Pouca comida no prato
É isso aí meu patrão!.
 
Saúde é paliativo
Médico, não tem precisão
Já tem remédio do mato
Não vou gastar um tostão
Contrato uns dois por semana
Vou investir toda grana
Pra comprar meu caminhão.
 
Pra legalizar o desvio
Compra a nota fiscal
Tem gente que vende mesmo
Nunca vi um se dar mal
Quando o Tribunal de contas
Rejeita toda essa “monta”
Eu dou um jeito legal.
 
Compro toda “vereança”
Você já viu minha gente!
É mentira o que eu digo?
É ou não é indecente?
E se alguém reclamar
Não chega nem a se irritar
Pois dar certo, infelizmente.
 
Se o governo que saiu
Fez uma obra bacana
Que pra nós custou “dinheiro”
Custou fortuna, uma grana
O novo governo assumindo
Vai logo a destruindo
Jogando tudo na lama.

Abandona aquela obra
Para o povo esquecer
Daquele que construiu
O nome desaparecer
Não ficar nem na memória
Riscando até da história
E isso faz com prazer.
 
Quando o governante assume
Manda logo ao assumir
Pintar todo prédio público
Com a cor que ele decidir
Apagando o que saiu
Mesmo a lei não consentiu
Mas isso faz a sorrir.
 
E o pior é o fardamento
Que logo então é mudado
E pra quem não votou nele
Se sente logo humilhado
Vestir a cor do partido
Além de ser um vencido
Tem que ser escravizado.

Tem governante que obriga
Nos tempos de eleição
Funcionário mesmo contra
Não dar sua opinião
Inda ter que aplaudi-lo
E se preciso acudí-lo
Ainda recebe um “não”.

É dinheiro na cueca
Dentro da meia, um milhão
Na pasta já nem se fala
Desvio só de bilhão
E quando tem passeata
Em vez de jogar na mata
Levam nas costas o “patrão”.
 
Mas a coisa tá mudando
Mesmo tarde ou devagar
Não vamos com essas práticas
Aplaudir ou concordar
E governo autoritário
O povo não é otário
Um dia vai se acordar.

O Egito deu lição
Expulsando um ditador
Vamos usar nosso voto
E a voz tem muito valor
Não vamos nos aquietar
O nosso país mudar
O nosso tempo chegou.

Buíque, 13 de março de 2011
Paulo Tarciso

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