Brasil
vive a marcha da insensatez. Até quando?
*Por
Celso Tracco
A
marcha da insensatez – de Tróia ao Vietnã, de
Bárbara Tuchman. Neste livro a autora faz uma análise, profunda e brilhante,
sobre grandes eventos da humanidade que, pela insensatez dos governos e
governados, levaram povos a guerras, destruições e enormes sofrimentos.
Sirvo-me deste título para refletir sobre o momento atual de nossa sociedade,
que está vivendo um período de calamidades crescentes e pouco, ou nada, faz
para mudar um destino que parece cada vez mais sombrio e mais próximo.
Parece
estar claro que o maior entrave para o crescimento sustentado do Brasil é seu
atual sistema político e isto já é consenso entre alguns políticos conscientes.
Para dizer o mínimo, é um sistema anárquico. Começando pela arrecadação de
impostos: do total arrecadado, cerca de 57% vai para a união, 25% para os estados
e 18% para os municípios. Ora, as pessoas vivem nos municípios e precisam mais
de "brasis" do que de Brasília. Dos 5570 municípios brasileiros, em
torno de 65% deles não fecharam suas contas em 2017, a maioria dos estados está
com sua situação financeira caótica, o déficit federal só cresce.
Como
disse recentemente a Ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, "o cidadão
está cansado de todos nós", referindo-se a que o povo brasileiro está
cansado da ineficiência das instituições governamentais. O que fazer? Bem,
parece claro: ou tornamos as instituições eficientes ou acabamos com elas.
Manter o status quo não parece ser muito sensato.
Hoje
dispomos de uma ferramenta poderosa: a internet, ela é democrática. Como
sugestão acesse: www.mudamos.org e conheça seu conteúdo. Baixe o aplicativo em
seu celular, é gratuito e permite que qualquer cidadão proponha, participe,
assine projeto de iniciativa popular que pode tornar-se lei e transformar nossa
realidade caótica. É um instrumento de cidadania.
A
sociedade pode e deve participar e não apenas em ano de eleição. Afinal o país
que desejamos depende de nós. Exemplo: algumas escolas de samba cariocas
demonstraram toda sua indignação com as mazelas governamentais no principal
desfile de carnaval do país. Participar é decisivo, ou devemos usar nosso poder
apenas para escolher o eliminado em realities shows e se
interessar pela atual vida amorosa de um futebolista e uma jovem atriz de
novela?
Voltando
ao título: a maior insensatez humana é pensar que, fazendo as coisas do jeito
que sempre foram feitas, no futuro, conseguiremos resultados melhores que os
atuais.
Celso
Luiz Tracco é economista e escritor, autor do livro Às
Margens do Ipiranga - A esperança em sobreviver numa sociedade
desigual.