CABOCLINHO
PERNAMBUCANO É O NOVO PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL
O
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou nesta quinta-feira, 24 de
novembro, o pedido de registro do Caboclinho pernambucano, durante sua 84ª
reunião que ocorre na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), em Brasília. Na parte da tarde, o Conselho avalia os pedidos
para tombamento de quatro bens no Estado do Rio de Janeiro.
A
manifestação cultural dos grupos de Caboclos, ou Caboclinho – conhecida
principalmente por suas atividades no carnaval pernambucano – e datada desde o
final do século XIX, simboliza a memória do encontro cultural e da resistência
sobretudo das populações indígenas e também dos povos africanos escravizados,
que reverberam profundamente na história do nordeste rural brasileiro.
As
estruturas dramáticas em sua performance artística, que reúnem elementos de
dança e música, reelaboram narrativas de guerreiros e heróis, sendo capazes de
conectar a vida cotidiana ao elemento mítico do caboclo brasileiro. A prática
marcada por uma forte presença religiosa afro-indígena-brasileiras está
ancorada principalmente no culto à Jurema, com entidades espirituais
denominadas Caboclos. Os instrumentos musicais são outra singularidade da
expressão cultural, sendo o Caracaxá e a Preaca, por exemplo, exclusivos dos
Caboclinhos.
O
pedido de Registro para o Caboclinho ao Iphan foi apresentado pela Secretaria
de Cultura do estado de Pernambuco, com a anuência dos representantes e membros
da comunidade desse bem cultural.
Caboclinho
A
geografia do Caboclinho compreende uma área que vai de Pernambuco ao Rio Grande
do Norte. A ocorrência dos Caboclinhos se estende pelos estados de Alagoas,
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, ficando como referência para
proposta de Registro a Região Metropolitana de Recife e a Zona da Mata Norte de
Pernambuco.
Como
entre tantas expressões da cultura popular, a transmissão de saberes no
Caboclinho está atrelada à observação e à prática, orientada pela transmissão
oral de conhecimentos dos mais antigos na manifestação para os mais jovens.
A
performance dos caboclinhos ocorre geralmente nas ruas com indumentária
específica e sendo composta por dança e música características e singulares e,
em alguns grupos, um recitativo ou drama, podendo essa estrutura variar a
partir do tipo de apresentação – no desfile carnavalesco, nos ensaios, ou nos palcos
e apresentações públicas.
A
dança, cujo movimento básico se denomina “manobra”, é executada pelos
participantes, que se apresentam, geralmente, em duas filas, cada um deles
portando uma preaca (adereço/instrumento musical, em forma de arco e flecha),
também denominado brecha ou flecha.
A
música apresenta uma sonoridade singular, tanto pelos instrumentos empregados –
alguns exclusivos do Caboclinho – quanto pelos aspectos musicais (ritmos,
melodias etc), propriamente ditos.
A
indumentária e os adereços dos caboclinhos são emplumados e ornamentados com
muito brilho. O aspecto religioso dos Caboclinhos está muito vinculado aos
fundamentos do culto da Jurema, e sua identidade associada às entidades espirituais
dos “caboclos”.
Para
a Superintendente do Iphan em Pernambuco, Renata Duarte Borba, os grupos de
Caboclinhos integram um importante conjunto de formas de expressão
características da Zona da Mata de Pernambuco, juntamente com o Frevo, o
Maracatu Nação, o Maracatu de Baque Solto e o Cavalo-Marinho – estes já
registrados como Patrimônio Cultural do Brasil.
Conselho
Consultivo do Patrimônio Cultural
O
Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por
especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e
arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros, que representam o Instituto dos
Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios -
Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da
Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto
Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e
mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos
de atuação do Iphan.
Serviço:
84ª Reunião
do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Dia: 24 de
novembro de 2016, de 9h às 18h
Local: Sede
do IPHAN
SEPS 713/913
Bloco D – Ed IPHAN – Asa Sul
Brasília –
DF
Com Informações da Assessoria
de Comunicação Iphan